O micélio, parte vegetativa dos cogumelos composta por um conjunto de hifas (filamentos finos), está sendo progressivamente desenvolvido como uma alternativa sustentável para materiais como plásticos derivados de petróleo, embalagens, utensílios e até componentes de construção. O que tem chamado atenção é a capacidade de se decompor naturalmente e não ter impacto ambiental. Um estudo da ONG norte-americana Center for Climate Integrity revelou que, em relação ao plástico, apenas 9% dos resíduos produzidos no mundo são reciclados. No Brasil, a situação é ainda mais alarmante: somente pouco mais de 1% do plástico é reciclado.
“É importante olhar para soluções ecológicas e inovadoras em resposta à necessidade de substituição de materiais poluentes. Além de ser biodegradável, o micélio pode ser moldado em diferentes formatos, com potencial para revolucionar a indústria de materiais e promover um futuro mais sustentável”, afirma Ubiratan Sá, CEO da Mush, startup que fornece materiais que podem substituir polímeros sintéticos em aplicações como embalagem secundária.
Pensando nisso, Ubiratan Sá, menciona 4 motivos que tornam o micélio o material do futuro. Confira!
1 – Biodegradabilidade e sustentabilidade ambiental
Uma das maiores vantagens do micélio é sua capacidade de se decompor naturalmente em poucos meses, ao contrário de materiais como plástico e isopor, que podem levar séculos para se degradarem. Isso significa que produtos feitos com micélio não poluem e não se acumulam em aterros. “Ao optar por este material, empresas e consumidores estão contribuindo diretamente para a diminuição do impacto ecológico, promovendo um ciclo de vida sustentável para os produtos”, explica o especialista.
2 – Versatilidade na aplicação
O micélio é versátil. Ele pode ser cultivado em diferentes formas, texturas e densidades, permitindo que seja moldado em objetos variados, desde embalagens até móveis e componentes de construção. Essa flexibilidade de design faz com que o material substitua facilmente plásticos rígidos ou semi rígidos, como o isopor e a espuma de poliuretano, sem perder a eficiência funcional. Essa adaptabilidade é um dos principais fatores que tem atraído a atenção de diversos setores industriais.
3 – Baixa demanda de água e energia na produção. Negativo em carbono.
Diferente de muitos materiais tradicionais, que exigem processos de fabricação intensivos em energia e água, o micélio pode ser cultivado usando resíduos agrícolas, como serragem e palha, e cresce em condições simples. Isso reduz a demanda de energia, água e recursos não renováveis, tornando-o uma opção econômica e ecológica para empresas que buscam reduzir seu impacto ambiental. Além destes aspectos, a cada quilo de material produzido é absorvido mais de um quilo de gás carbônico, um dos vilões do efeito estufa.
4 – Resposta ao crescimento da economia circular
Com o aumento da conscientização sobre a economia circular — que prioriza a reutilização, reciclagem e a minimização de desperdícios —, o micélio se encaixa perfeitamente como um material regenerativo. Além de ser produzido de forma sustentável, ao final de sua vida útil, ele pode ser reintegrado ao meio ambiente sem deixar resíduos tóxicos. Isso atende a uma crescente demanda do mercado por produtos que não apenas causem menos danos ambientais, mas que também ajudem a restaurar ecossistemas.
“O micélio, além de possuir alta capacidade de personalização, também se posiciona como uma resposta inovadora às demandas por práticas industriais mais conscientes e pela criação de produtos que alinhem tecnologia e sustentabilidade”, finaliza Ubiratan.
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DÉBORA CABRAL EVANGELISTA
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