O desemprego ainda é um dos principais desafios socioeconômicos do Brasil. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) divulgada pelo IBGE, ao final de 2023, o país contava com 8,1 milhões de pessoas desocupadas, o que representava cerca de 7,4% da população em idade ativa.
O cenário das jovens mulheres negras
Apesar de apresentar o número mais baixo desde 2014, o desemprego no Brasil continua apresentando desafios significativos, especialmente para pessoas negras e mulheres. De acordo com o relatório “Mude com Elas” da ONG Ação Educativa, o desemprego entre jovens mulheres negras, na faixa etária entre 18 e 24 anos, atinge 18,3%, sendo três vezes maior do que o percentual de homens brancos na mesma situação (5,1%). Além disso, as jovens mulheres negras têm menos proteções trabalhistas garantidas pela CLT, com apenas 44% delas tendo carteira assinada, em comparação com mais de 50% dos homens brancos.
Desafios enfrentados
O acesso das jovens mulheres negras ao mercado de trabalho formal é limitado, com baixa permanência e alta rotatividade. A discriminação também se faz presente nos processos seletivos, como relatado por uma jovem no estudo: “Depois que descobrem que eu sou mãe, é literalmente só sobre como eu vou lidar com a gestão do meu tempo com a minha filha, o que eu vou fazer. Então é muito difícil.”
Políticas públicas e inclusão no mercado de trabalho
Apesar das melhorias nas condições de trabalho desde o início da pandemia, o Brasil ainda carece de políticas públicas específicas para as jovens mulheres negras. A falta de direcionamento das empresas para essa parcela da população resulta em preterição em processos seletivos e disparidades salariais significativas. Em média, as jovens mulheres negras ganham 2,7 vezes menos do que os homens brancos, com salários chegando a ficar abaixo da média nacional.
Desigualdades e transformação
Fernanda Nascimento, coordenadora do projeto Mude com Elas, destaca a importância dos recortes interseccionais para compreender as desigualdades advindas do racismo no Brasil. Ela ressalta a urgência de empoderar as jovens mulheres negras por meio de políticas públicas efetivas e do comprometimento com a inclusão no mercado de trabalho.
Empoderamento e inclusão: o caminho para a transformação
Empoderar as jovens mulheres negras não apenas redefine suas vidas, mas também impacta positivamente as gerações futuras. O compromisso com políticas públicas inclusivas e a promoção de oportunidades reais são essenciais para a construção de um mercado de trabalho mais justo e igualitário para todas e todos.
O fortalecimento da representatividade e da inclusão é fundamental para superar os desafios enfrentados pelas jovens mulheres negras no mercado de trabalho brasileiro. A união de esforços de diversos setores da sociedade é essencial para promover uma real transformação e garantir oportunidades equitativas para todas as pessoas, independentemente de gênero, raça ou origem.
### Dando voz e oportunidades para as mulheres negras no mercado de trabalho
Diante da urgência em promover a inclusão de mais mulheres negras no mercado de trabalho, é crucial destacar a importância de dar visibilidade a esse público-alvo. O projeto Mude com Elas surge como uma iniciativa para chamar a atenção da sociedade para a realidade enfrentada por jovens mulheres negras nesse cenário. De fato, dez jovens participantes do projeto tiveram a oportunidade de dialogar com ministérios e contribuir para a criação do Programa Asas para o Futuro, conforme destaca a coordenadora Fernanda.
#### Asas para o Futuro: Medidas para prevenção de violência de gênero
O Asas para o Futuro, inserido no Plano de Ação do Pacto Nacional de Prevenção aos Feminicídios, liderado pelo Ministério das Mulheres, consiste em um conjunto de 73 medidas estruturantes e transversais. O principal objetivo desse programa é prevenir todas as formas de discriminação, misoginia e violência de gênero contra mulheres e meninas, por meio de estratégias elaboradas pelas diversas áreas ministeriais.
#### A importância da qualidade dos empregos para mulheres negras
Além da inclusão no mercado de trabalho, é fundamental considerar as condições que essas mulheres enfrentam em seus empregos. O Mude com Elas ressalta a necessidade de retomar o debate sobre a qualidade dos postos de trabalho. A coordenadora do projeto enfatiza a importância de reincorporar a Agenda de Trabalho Decente para Juventude, com foco na intersecção de gênero e raça, como uma chave para a formulação de políticas públicas mais eficazes.
#### Desafios no acesso ao ensino superior
Um relatório da Ação Educativa revelou que o acesso ao ensino superior ainda é limitado para as mulheres negras. Dados da PNAD indicam que apenas 23,4% das mulheres negras entre 18 e 24 anos frequentam ou concluíram uma graduação, em comparação com 39,8% das mulheres brancas na mesma faixa etária. Esse cenário evidencia a desigualdade no acesso à educação superior entre diferentes grupos étnicos.
#### Investimento na qualificação e inclusão
O projeto também tem como foco a qualificação da política de aprendizagem profissional, que, embora proporcione um contrato formal no início da vida profissional de jovens, ainda apresenta alcance limitado e não considera as experiências de racismo e sexismo nos ambientes educativos e de trabalho.
### FAQ – Perguntas Frequentes
**Por que o acesso ao ensino superior é menor para mulheres negras?**
O relatório aponta questões históricas que contribuem para a falta de acesso de pessoas pretas, principalmente mulheres, ao ensino superior. A abertura das graduações para jovens fora da elite econômica ocorreu apenas na segunda metade do século passado.
**Qual é a importância da Agenda de Trabalho Decente para Juventude?**
A Agenda de Trabalho Decente para Juventude, com foco na intersecção de gênero e raça, é essencial para a formulação de políticas públicas que levem em consideração a realidade e os desafios enfrentados pelas mulheres negras no mercado de trabalho.
**Como o projeto Mude com Elas busca impactar a inclusão de mulheres negras no mercado de trabalho?**
O Mude com Elas atua dando voz e visibilidade a jovens mulheres negras, mobilizando empresas, sociedade civil e poder público para gerar compromissos concretos e avanços na inclusão dessas mulheres no mercado de trabalho.
Com ações e iniciativas como o Mude com Elas, é possível promover mudanças significativas e contribuir para uma maior representatividade e equidade no mercado de trabalho. A valorização da diversidade e o combate às desigualdades raciais e de gênero devem ser prioridades em nossa sociedade em busca de um ambiente de trabalho mais inclusivo e igualitário.