Um produto de que todos estão precisando: chuva. E não é impossível fabricar. É algo que está ao alcance de qualquer pessoa. Comece por coletar sementes dessas árvores que ornamentam nossas ruas. Ipês, bauínias (pata de vaca), pitangueiras, araçazeiros, uvaieiras, goiabeiras, tudo aquilo que a Mata Atlântica, generosamente, nos ofereceu. A nós, infiéis guardiões. Acabamos desmatando tudo e nos condenando também à morte.
Semeie e deixe germinar. Transplante para um recipiente mais adequado. Cuide da muda, para que ela se desenvolva. Quando se mostrar capaz de sobreviver sem aquele carinho inicial, remova para um espaço em que ela possa se desenvolver.
Essas árvores são mágicas. Pelo fenômeno da ecotranspiração, elas emitem partículas que vão formar nuvens. E das nuvens vem a chuva.
Fácil assim. Não é algo imediato. Mas pense que as árvores que restam e que hoje ainda nos trazem temperatura amena, ao mesmo tempo em que sequestram carbono, enfeitam a paisagem e fazem chover, foram plantadas por pessoas que já se foram. E deixaram esse legado que estamos fazendo desaparecer com toda a pressa, como se não dependêssemos dele para subsistir.
Se puder, também recomponha matas ciliares dos córregos. Daqueles que sobraram, porque a maioria nós enterramos para dar lugar ao asfalto, que atende aos veículos, mais do que aos humanos. Nossa cidade impermeável precisa de mais solo natural, para a infiltração da água que hoje está rareando e que vai se tornar cada vez mais preciosa, porque difícil. Seja útil e previdente. Garanta a vida própria e a das futuras gerações, tão ameaçada em nossas cidades por falta daquilo que não podemos prescindir para viver: água.
*José Renato Nalini é Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.
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LUCIANA FELDMAN
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