Em 2024, a Amazônia enfrenta sua pior temporada de queimadas em 17 anos, com mais de 59 mil focos de incêndio registrados até o momento. A densa fumaça que cobre o céu e afeta a qualidade do ar em diversas regiões do Brasil é um lembrete sombrio da fragilidade deste bioma essencial para a vida no planeta. A combinação das queimadas com uma seca severa, intensificada pelo fenômeno El Niño, cria um cenário de emergência ambiental que exige uma resposta imediata e coordenada.
A conservação da Amazônia se torna, cada vez mais, não apenas uma necessidade ambiental, mas também uma questão de justiça social e econômica. “A floresta desempenha um papel fundamental na regulação climática global, influenciando o regime de chuvas em todo o Brasil através dos chamados ‘rios voadores’, que transportam bilhões de toneladas de água diariamente. No entanto, o desmatamento e as queimadas estão comprometendo esse equilíbrio delicado, ameaçando não apenas a biodiversidade, mas também o futuro de milhões de pessoas, especialmente as que dependem da floresta”, afirma Fabiana Prado, bióloga e gerente do LIRA/IPÊ.
O LIRA/IPÊ – Legado Integrado da Região Amazônica, do Instituto de Pesquisas Ecológicas, se destaca na luta pela conservação e tem como missão manter a floresta em pé e promover o desenvolvimento de negócios comunitários na região. Desde sua criação, colaborou com mais de 125 organizações em cinco estados amazônicos, gerenciando 50 projetos em 59 áreas protegidas. Com um investimento de R$ 46 milhões ao longo de quatro anos, a iniciativa conservou mais de 58 milhões de hectares de floresta, beneficiando diretamente 52 mil pessoas em 62 municípios.
O fortalecimento das comunidades locais, promovido pelo LIRA/IPÊ, tem se mostrado um fator determinante no combate ao desmatamento. “Ao apoiar negócios comunitários sustentáveis, o LIRA/IPÊ não apenas eleva as condições de vida das populações tradicionais, mas também estabelece uma barreira sólida contra a destruição da floresta. Esse empoderamento das comunidades aumenta sua resiliência e capacidade de resistir com mais eficácia às constantes pressões externas,” afirma Fabiana Prado.
Um exemplo do impacto gerado é a Associação dos Moradores da Comunidade do Jaramacaru e Região (ACAJE), no Pará. Com o apoio do LIRA/IPÊ, a ACAJE desenvolveu uma abordagem diferente para a gestão de produtos florestais, e as mulheres da comunidade produzem biojoias feitas a partir de sementes, cascas de coco e penas, promovendo o empreendedorismo e a autonomia feminina. “A produção de biojoias se tornou uma fonte significativa de renda. Temos um grupo de artesãos talentosos que está fazendo uma grande diferença em nossa comunidade. Essas ações, apoiadas pelo LIRA/IPÊ, não só ajudam economicamente, mas também promovem a sustentabilidade e a conservação ambiental, mostrando que a natureza em pé pode nos proporcionar várias formas de renda”, afirma Raquel Sampaio, sócia da ACAJE.
Outro projeto de sucesso apoiado pelo LIRA/IPÊ é a produção sustentável de borracha no Acre, em parceria com a organização SOS Amazônia. Este projeto beneficia diretamente mais de 90 famílias, que extraem e processam borracha de forma sustentável para a marca francesa de tênis Vert. Com um preço premium garantido de R$ 12 por quilo de borracha, comparado à média de mercado de R$ 2,5, às famílias participantes obtêm um meio de subsistência digno, ao mesmo tempo em que conservam a floresta.
“Esses exemplos mostram que é possível conciliar conservação ambiental com desenvolvimento socioeconômico. As iniciativas do LIRA/IPÊ demonstram que, com o apoio certo e parcerias estratégicas, é possível gerar impactos positivos e duradouros na Amazônia”, conclui Fabiana Prado.
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ERIONICE CASTRO DE ALMEIDA
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